Ou Manual de sobrevivência dos pais
Qualquer pai ou mãe sabe a aventura que é propor aquela atividade mais elaborada para o seu filho, existem crianças que podem ter as próprias canetinhas e gizes, e existem também aqueles que não enxergam barreiras entre a folha de desenho e as paredes e estofados da casa. E existem também aquelas crianças que respeitam o limite da folha mas não diferenciam uma caneta de um biscoito. Minha filha pertence a última categoria, desde muito bebê ficou claro que ela era capaz de colocar qualquer tipo de coisa na boca, e eu já vivi muitos sustos que não desejo a ninguém.
Mas como é possível proporcionar aos nossos pequenos aqueles momentos bacanas de pintura, colagem ou modelagem sem arrancar os cabelos?
Bom, primeiro de tudo você precisa estar disposto a correr o risco e talvez até viver perigosamente, é ilusão dizer que ele vai ficar sentadinho pintando de maneira quase adulta enquanto você come uma pipoca. Não vai rolar. Vai ter sujeira sim, mas você pode delimitar onde e como.
Você conhece seu filho, sabe quanta energia ele tem e também quais suas preferências, isso é o fundamental em qualquer coisa que se proponha a uma criança, seja uma atividade lúdica ou guardar os brinquedos. A energia que seu filho tem é diretamente proporcional a energia que você precisa para fazer atividades com ele.
Comece pelo começo: local, materiais e uma criança, de preferência uma não cansada, crianças descansadas são mais cooperativas : )
Escolhendo o melhor lugar da casa: hmmmm - procure ficar longe de estofados, roupas de camas e toalhas decorativas, crianças tem tendência a usar a primeira superfície macia disponível para se limpar! Se ele tem uma mesinha própria coloque-a onde você acha menos arriscado na hora da sujeira.
Preparando o terreno: forrar a mesa com uma toalha velha, papel, plástico, enfim, protegendo o patrimônio familiar e minimizando danos a propriedade coletiva, e se poupando de usar uma esponja em tudo também, um bom pedaço de pano evita bastante dor de cabeça. Lençóis velhos também são bons para forrar o chão : )
Determinado os materiais:
- tinta guache, cartelinhas de aquarela daquelas que vem com revistinhas infantis, tinta comestível. A escolha vai depender daquilo que a criança já tem, vocês não precisam de todas as cores, 4 ou 5 cores é um bom começo, o mais importante é experimentar. Usei uma receita de tinta comestível até os 2 anos, porque minha filha gostava de chupar os pincéis...
- Você vai precisar também de 1 pote com água, um pano para limpar as mãos e pincéis, 2 pincéis fica legal, se você der muitas opções a criança demora a sentir necessidade de lavar os pincéis enquanto está pintando.
- Roupa velha ou avental, use aquilo que já tem em casa, mesmo que a tinta seja lavável você vai preferir que seu filho aprenda que não é legal sujar toda roupa que se tem, assim como ele já vai sacando que existe um preparo para a atividade, isso ajuda que ele esteja focado e diminui a ansiedade.
- Organizando o material: dê porções de tinta adequadas, não é legal deixar o pote todo a mão, a criança pode virá-lo apenas para descobrir o efeito e ficar chorando depois porque acabou, causa e consequência é um processo que se aprende com o tempo.Eu uso uma forminha de gelo, cada quadradinho recebe uma cor, é fácil de lavar, guardar e não vira na mesa quando a criança usa o pincel.
- Não encha o pote de água, água pela metade funciona bem, e não esguicha a cada colocada de pincel lá dentro.
Disponha os materiais na mesa ao alcance da criança, desde o começo proponha autonomia, ela vai se atrapalhar um pouco no começo ou cortar algumas etapas, não tem problema e não precisa ser corrigido a cada momento. Se você ficar toda hora lembrando seu filho de lavar o pincel para não manchar a tinta com certeza vai atrapalhar o raciocínio dele, e também vai estar antecipando algo que ele pode aprender sozinho com algumas repetições.
Aprender a criar não é aprender a pintar no retângulo da folha, é descobrir o que acontece: descobrir texturas, cores, sentir a consistência dos materiais, e o mais legal: fazer algo sozinho, e dizer: Eu que fiz!Esse é o primeiro passo, descobrir que é capaz, tudo o mais vem depois, acredite que o seu filho pode e vai aprender fazendo. Esteja lá para manter as coisas sob controle, não para controlar alguém, defina os limites de vocês: nada de correr pela casa carimbando paredes com as mãos, ou despejar tinta na cabeça. Tudo o mais estando protegido o que interessa é estar livre para criar.